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Desigualdades de acesso e de uso da Internet no espaço urbano são discutidas em Seminário do NIC.br


04 NOV 2019



Estudo inédito sobre as dinâmicas de exclusão digital na cidade de São Paulo foi lançado no evento

A forma como as desigualdades digitais se apresentam no espaço urbano, bem como quais as políticas públicas que podem promover a maior inclusão digital nas cidades foram os pontos principais discutidos no Seminário “Mapeando as desigualdades digitais: novas metodologias e evidências para políticas públicas”, que aconteceu no dia 28 de outubro, em São Paulo. O evento, realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), contou com a parceria do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e do o projeto internacional DiSTO – From Digital Skills to Tangible Outcomes, liderado pela London School of Economics and Political Science (LSE).

Durante a abertura do encontro, Demi Getschko (NIC.br) lembrou que recursos do domínio .br são investidos na produção de pesquisas fundamentais para embasar políticas públicas sobre o uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC). “Os dados e diagnósticos gerados pelas pesquisas do Cetic.br são de grande utilidade pública. Esperamos que contribuam para a definição de medidas que possam beneficiar a todos”. Também durante a abertura, Alexandre Barbosa (Cetic.br) apresentou dados da publicação TIC Domicílios 2018, que mede o acesso e uso das TIC nos domicílios do País. “É preciso entender como os brasileiros estão adotando as tecnologias em seu dia a dia. Para isso, medimos não só a proporção dos usuários de Internet, mas sobretudo o que eles fazem na rede como, por exemplo, atividades de governo eletrônico, usos educacionais, comércio eletrônico, entre outros indicadores”, explicou Barbosa.

O Seminário foi marcado pelo lançamento do Estudo Setorial “Desigualdades digitais no espaço urbano: um estudo sobre o acesso e o uso da Internet na cidade de São Paulo". A publicação inédita revelou que a incorporação das TIC na vida dos paulistanos tem ocorrido de maneira desigual nas diversas regiões da capital paulista. “Na cidade de São Paulo temos 82% dos indivíduos conectados à Internet – número superior à média do Brasil, onde 70% dos indivíduos usam a rede. Mas quando olhamos para outros indicadores, como a presença de banda larga demais de 4Mbps, esse valor cai para um quarto dos paulistanos", enfatizou Fábio Senne (Cetic.br) ao apresentar alguns destaques da publicação.

No primeiro painel do evento, Ellen Helsper (London School of Economics) falou sobre a importância de estudos sobre as desigualdades digitais que levem em conta a dimensão territorial. “O lugar em que as pessoas vivem molda as normas e costumes desses indivíduos, constrói horizontes de oportunidades e de escolhas. O ambiente coloca limites no acesso às tecnologias e influencia o tipo de acesso, as habilidades, os usos e as experiências digitais da população”, pontuou.

Participando do mesmo painel, Tomás Wissenbach (CEBRAP) reforçou a importância de discutir questões territoriais para compreender de modo mais efetivo as dificuldades e barreiras de acesso à Internet, ressaltando a necessidade de se pensar políticas públicas de inclusão digital associadas a outras políticas ligadas à educação e saúde. O painel contou ainda com a presença de Luis Kubota (IPEA), que apresentou dados de acesso à Internet no Distrito Federal, onde a maior parte dos domicílios tem acesso à rede por meio de banda larga, uma das regiões com maior acesso à Internet no País.

O papel da tecnologia no campo do trabalho foi discutido por Karen Mossberger (Arizona State University), no painel “Desigualdades digitais e as políticas públicas: investigando as relações entre desigualdades digitais e sociais”. “As habilidades digitais têm impacto no cotidiano das pessoas, mas também em no desempenho da economia, como é o caso dos salários dos trabalhadores”, comentou a pesquisadora. “É possível ter infraestrutura e acesso às tecnologias em uma determinada área, mas se as pessoas não têm como pagar por esse serviço ou não têm as habilidades necessárias para utilizá-las, obviamente elas continuarão excluídas digitalmente”.

Durante o mesmo painel, Marta Arretche (CEM/USP) discutiu sobre como o lugar onde os indivíduos moram e trabalham influenciam na apropriação da Internet. “Tal como para outros bens coletivos, na Internet o território também importa e tem consequências sobre as oportunidades econômicas e de engajamento cívico dos indivíduos no mundo digital”. Finalizando o evento, Francisco Gaetani (EBAPE/FGV) discutiu como as desigualdades digitais impactam diversas dimensões do desenvolvimento, incluindo o mercado de trabalho e a rotina das organizações.

O estudo setorial “Desigualdades Digitais no Espaço Urbano” pode ser acessado no endereço https://cetic.br/publicacao/desigualdades-digitais-no-espaco-urbano-um-estudo-sobre-o-acesso-e-o-uso-da-internet-na-cidade-de-sao-paulo/, e a publicação TIC Domicílios 2018 aqui. Já os debates do Seminário “Mapeando as desigualdades digitais” podem ser revistos na íntegra no canal do NIC.br no YouTube: https://www.youtube.com/playlist?list=PLQq8-9yVHyOYE9pgzjNe2qDq-E7LM4U_i.