TIC Kids Online Brasil: 65% das crianças e dos adolescentes usam IA generativa para estudar, criar conteúdo e lidar com emoções
Pesquisa do Cetic.br | NIC.br revela ainda queda no acesso à Internet nas escolas e exposição à publicidade e propaganda online
São Paulo, 22 de outubro de 2025 – Quase dois terços dos usuários de Internet brasileiros, com idades entre nove 17 anos, já incorporaram ferramentas de inteligência artificial generativa em suas rotinas, seja para auxiliar nos estudos, criar conteúdos ou, até mesmo, para conversar sobre suas emoções. O dado inédito faz parte da TIC Kids Online Brasil 2025, lançada nesta quarta-feira (22) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). A pesquisa, que está na 12ª edição, é realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
Pela primeira vez, o levantamento investigou o uso de IA generativa e constatou que 59% das crianças e dos adolescentes nessa faixa etária recorrem à tecnologia para realizar pesquisas escolares ou estudar. Outros usos incluem a procura por informações (42%), a criação de conteúdo como textos e imagens (21%) e conversas sobre problemas pessoais ou emoções (10%).
A utilização dessa tecnologia cresce conforme a idade: entre os adolescentes de 15 a 17 anos, a presença de ferramentas de inteligência artificial é maior do que entre crianças de 9 a 10 anos. Para pesquisas escolares ou estudos, as proporções foram de 68% e 37%, respectivamente; para busca de informações, 60% e 17%; para criação de conteúdo, 32% e 9%; e para conversas sobre problemas pessoais ou emoções, 12% e 4%.
"A inteligência artificial generativa está cada vez mais presente nas práticas digitais cotidianas, seja na busca por informações, na criação de conteúdo ou mesmo como recurso com o qual as pessoas compartilham questões pessoais e emocionais. Diante desse cenário, incluímos um novo indicador à pesquisa para monitorar como crianças e adolescentes estão utilizando essas tecnologias. Com isso, buscamos gerar evidências que contribuam para a formulação de políticas e ações voltadas à sua proteção, ao bem-estar e desenvolvimento integral”, explica Alexandre Barbosa, gerente o Cetic.br.
Frequência de uso e impacto no ambiente escolar
De acordo com a pesquisa, o celular — principal meio de acesso à Internet para 96% da população de nove a 17 anos — foi usado várias vezes ao dia por 74% dos entrevistados, seguido pela televisão (35%) e pelo computador de mesa ou portátil (8%).
Após a sanção em janeiro da Lei nº 15.100/2025, que restringe o uso de celulares nas escolas, a proporção dos usuários nessa faixa que acessaram a Internet no ambiente escolar caiu, passando de 51% (2024) para 37% (2025).
Outra novidade que a TIC Kids Online traz neste ano é em relação à frequência do uso da Internet em diferentes locais. O estudo revela que 84% dos jovens se conectaram à rede de suas casas “várias vezes ao dia”. Nas escolas, 12% reportaram acessar a Internet “várias vezes ao dia”, 13%, uma vez por semana e 9%, uma vez ao mês.
Atualmente, 92% das crianças e adolescentes brasileiros entre nove e 17 anos são usuários de Internet, o que representa 24,5 milhões de pessoas, proporção que se manteve estável em comparação à edição anterior do estudo.
Plataformas digitais e atividades multimídia
O WhatsApp é a plataforma digital acessada com maior frequência por usuários de 9 a 17 anos. O aplicativo de mensagens é utilizado “várias vezes ao dia” por 53%, seguido pelo YouTube (48%), Instagram (48%) e TikTok (46%).
Segundo a pesquisa, 85% possuem perfil em, pelo menos, uma das plataformas investigadas. As proporções foram de 64% para a faixa etária de nove a 10 anos; 79% para a de 11 a 12 anos; e 91% para a de 13 a 14 anos. Entre aqueles com idade de 15 a 17 anos, quase a totalidade (99%) possui perfil em, ao menos, uma plataforma.
Atividades multimídia seguem entre as práticas mais realizadas por crianças e adolescentes. Pela primeira vez, a pesquisa investigou os tipos de vídeos assistidos: 46% reportaram ter visto vídeos de influenciadores digitais várias vezes ao dia; 35%, séries, filmes ou programas na Internet; 29%, vídeos ou tutoriais na Internet que ensinam a fazer coisas que gostam; 23%, vídeos de pessoas jogando videogame pela Internet; e 60%, outros vídeos online.
"Ao longo da última década, observamos que as atividades multimídia, especialmente assistir a vídeos, estão entre as práticas mais realizadas por crianças e adolescentes na Internet. Nesta edição, ampliamos esse monitoramento e passamos a investigar os tipos de vídeos acessados por esse público”, comenta Luísa Adib, coordenadora da pesquisa TIC Kids Online Brasil.
Conteúdo mercadológico online
Mais da metade dos usuários de Internet de 11 a 17 anos reportou ter tido contato com publicidade ou propaganda em diferentes meios digitais: 55% em redes sociais, 52% em sites de vídeos e 52% na televisão. A presença de anúncios em sites de jogos alcançou 26% desse público.
Os formatos de publicidade em vídeo mais vistos por essa parcela da população foram: pessoas abrindo embalagens de produtos (66%), ensinando a usar produtos (65%) ou mostrando produtos que alguma marca
deu para elas (58%). Pela primeira vez a pesquisa investigou a exposição de crianças e adolescentes a vídeos de pessoas divulgando jogos de apostas. Entre os usuários de 11 a 17 anos, 53% reportaram contato com esse tipo de conteúdo online. A exposição foi maior entre os adolescentes de 15 a 17 anos (63%).
Considerando práticas envolvendo gastos e recompensas em jogos na Internet, 21% dos usuários 11 a 17 reportaram que fizeram alguma compra ou gastaram para avançar de fase ou ganhar itens novos em jogos online.
Segundo declaração dos responsáveis, 45% das crianças e adolescentes tiveram contato com propaganda não apropriada para a idade, e 51% pediram algum produto após ver um anúncio na Internet. A percepção sobre a personalização de anúncios também é alta: 65% dos usuários de 11 a 17 anos concordaram que falar ou pesquisar sobre um produto aumenta a quantidade de propagandas que recebem sobre ele.
“Os dados revelam uma alta exposição de crianças e adolescentes à conteúdos mercadológicos online, que, muitas vezes, vem disfarçada de entretenimento. A percepção dos jovens sobre a personalização de anúncios acende um alerta sobre a necessidade de desenvolver a literacia midiática e de dados desde cedo.”, afirma Barbosa.
Mediação para o uso da Internet
Quando o assunto é o uso seguro da Internet, pais e responsáveis buscam orientação principalmente com as próprias crianças ou adolescentes (50%) e com familiares ou amigos (48%). A pesquisa também revela um forte apoio mútuo: 31% dos jovens afirmam ajudar seus pais ou responsáveis em atividades online, enquanto 44% dos pais/responsáveis dizem conversar com as crianças e adolescentes sobre o que elas fazem na rede.
“A TIC Kids Online Brasil reafirma o compromisso do CGI.br em promover um ambiente digital mais seguro e inclusivo para crianças e adolescentes. A pesquisa ajuda a sociedade e o governo a compreender as novas dinâmicas do comportamento dos brasileiros de 9 a 17 anos e a subsidiar políticas públicas e ações educativas mais eficazes e alinhadas à realidade digital deles", afirma Renata Mielli, coordenadora do CGI.br.
Sobre a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025
A 12ª edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil entrevistou presencialmente 2.370 crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos, assim como seus pais ou responsáveis, em todo o território nacional. As entrevistas aconteceram entre março a setembro de 2025. A pesquisa está alinhada com o referencial metodológico do projeto Global Kids Online, coordenado pelo UNICEF, e com a rede Kids Online América Latina.
A lista completa de indicadores pode ser conferida em: https://www.cetic.br/pt/pesquisa/kids-online/indicadores/. Para rever o painel de lançamento da pesquisa, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=1XOf65AGs-E.
Sobre o Cetic.br
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre o acesso e o uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br|NIC.br é, também, um Centro Regional de Estudos sob os auspícios da UNESCO, e completa 20 anos de atuação em 2025. Mais informações em https://cetic.br/.
Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://nic.br/) é uma entidade civil de direito privado e sem fins de lucro, encarregada da operação do domínio .br, bem como da distribuição de números IP e do registro de Sistemas Autônomos no País. O NIC.br implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br desde 2005, e todos os recursos arrecadados provêm de suas atividades que são de natureza eminentemente privada. Conduz ações e projetos que trazem benefícios à infraestrutura da Internet no Brasil. Do NIC.br fazem parte: Registro.br (https://registro.br), CERT.br (https://cert.br/), Ceptro.br (https://ceptro.br/), Cetic.br (https://cetic.br/), IX.br (https://ix.br/) e Ceweb.br (https://ceweb.br), além de projetos como Internetsegura.br (https://internetsegura.br) e Portal de Boas Práticas para Internet no Brasil (https://bcp.nic.br/). Abriga ainda o escritório do W3C Chapter São Paulo (https://w3c.br/).
Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://cgi.br/resolucoes/documento/2009/003). Mais informações em https://cgi.br/.
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