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Estudo do Cetic.br revela demanda por formação e por diretrizes para a adoção da IA para alunos e professores do Ensino Médio


Releases 25 NOV 2025

Professores reconhecem que alunos utilizam a tecnologia para redigir textos, resolver questões e preparar apresentações, mas a discussão sobre o tema em sala de aula ainda é incipiente

São Paulo, 25 de novembro de 2025 – O uso intenso e diversificado da inteligência artificial por alunos e professores ainda ocorre sem diretrizes claras, ampliando dúvidas sobre o aproveitamento das oportunidades trazidas por essa tecnologia. Essa é uma das constatações do novo Estudo Setorial “Inteligência Artificial na Educação: usos, oportunidades e riscos no cenário brasileiro”, conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

O diagnóstico qualitativo realizado a partir de entrevistas em profundidade com especialistas do setor no país e da condução de grupos focais, com professores e alunos de escolas públicas e privadas de São Paulo (SP) e Recife (PE) —, foi apresentado nesta terça-feira (25) no Seminário INOVA IA 2025, realizado no Rio de Janeiro. A publicação completa está disponível no endereço: https://cetic.br/pt/publicacao/inteligencia-artificial-na-educacao-usos-oportunidades-e-riscos-no-cenario-brasileiro/.

A pesquisa revela que a IA generativa tem transformado a relação entre educadores, estudantes e as práticas de ensino e aprendizagem. Nos grupos focais, docentes indicaram o potencial da IA para otimizar o tempo de planejamento, diversificar estratégias pedagógicas e personalizar o ensino. A tecnologia também pode, segundo eles, apoiar a análise de dados educacionais, a gestão escolar e a inclusão de diferentes perfis de aprendizagem. Para os estudantes, a IA pode apoiar a resolução de tarefas, ampliar o repertório e estimular a curiosidade.

O estudo também aponta desigualdades quanto à adoção da IA entre as redes de ensino pública e privada. Estudantes e docentes de escolas privadas relataram maior familiaridade e acesso a ferramentas de IA, enquanto os de escolas públicas enfrentam maiores dificuldades de conectividade e falta de equipamentos. Para todos os grupos analisados, atividades formativas são consideras pontuais e ainda incipientes, mas há um forte interesse em sua ampliação e continuidade.

“O estudo mostra que a IA já está presente no universo escolar brasileiro, mas o uso é realizado de modo espontâneo e desigual. Professores e alunos vivem o desafio de aprender a lidar com uma tecnologia que se disseminou rapidamente, colocando novas reflexões e demandas às políticas educacionais e à formação docente”, avalia Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br | NIC.br.

Divulgada em setembro pelo Cetic.br, a pesquisa TIC Educação apontou uma ampla adoção da IA no ambiente escolar brasileiro, com 70% dos alunos do Ensino Médio e 58% dos professores utilizando ferramentas de IA generativa em atividades escolares. O novo estudo, apresentado nesta terça-feira (25), aprofunda a compreensão desse fenômeno ao examinar as motivações, finalidades e estratégias de uso elaboradas por alunos e docentes diante da rápida e intensa incorporação dessa tecnologia em seus cotidianos.

Orientações para o uso

O estudo detalha que o uso da Inteligência Artificial por estudantes do ensino médio transcende o ambiente escolar. Os alunos empregam a IA principalmente como um apoio pontual para otimizar o tempo em tarefas escolares, como resumos e pesquisas, mas também para tarefas cotidianas e até para suporte emocional. Entre as práticas relatadas estiveram o uso da IA como assistente pessoal para organizar a rotina, tirar dúvidas sobre saúde. De acordo com o levantamento, os discentes diferenciam o "uso pontual" (resumos, ideias) daquele que, na visão deles, "gera mais dependência" (pedir a resolução completa de uma tarefa) e desenvolveram estratégias para burlar a detecção, como pedir para a IA "humanizar o texto" ou inserir erros propositais.

Os professores, por sua vez, utilizam a tecnologia majoritariamente para reduzir a sobrecarga de trabalho, planejando aulas, criando atividades e preparando materiais didáticos, buscando agilidade e novas abordagens para o ensino.

Apesar dos benefícios, o estudo identifica que o uso da IA nas escolas ocorre sem diretrizes institucionais claras, caracterizado por um “pacto silencioso”. Muitos professores reconhecem que os alunos utilizam a tecnologia para redigir textos, resolver questões e preparar apresentações, mas não se sentem seguros para problematizar o uso, seja pela ausência de critérios de avaliação ou pelo reconhecimento da integração da ferramenta na rotina educacional.

Compreensão sobre o funcionamento da IA

Tanto alunos quanto professores demonstram compreensão limitada sobre o funcionamento da IA. O estudo revela dificuldades relacionadas à checagem da veracidade das informações e a incertezas éticas, especialmente sobre autoria de textos, questões quanto a privacidade e proteção de dados pessoais e limites de uso em avaliações.

Há, no entanto, interesse em aprender sobre a IA de forma crítica e orientada. Enquanto os alunos relatam que gostariam de aprender sobre o funcionamento dos algoritmos, riscos e responsabilidades, os professores manifestam o desejo de formação específica, mas apontam a falta de tempo, infraestrutura e apoio institucional como obstáculos.

As percepções sobre a IA diferem entre os grupos entrevistados. Os alunos conhecem diferentes ferramentas e buscam formas de utilização da tecnologia, percebendo-a como um apoio complementar que não substitui o professor. Os professores expressam preocupação com o uso da IA e a dificuldade em adaptar suas práticas pedagógicas. Eles alertam para o risco de a tecnologia diminuir a habilidade de análise crítica dos estudantes, reduzindo a capacidade intelectual e o esforço de aprendizagem.

Futuro com a IA

Para alunos e professores a integração da IA na educação é inevitável, mas seu sucesso depende de diretrizes mais claras por parte dos sistemas de ensino. Entre os estudantes, há entusiasmo com o uso, mas apreensão sobre os impactos da tecnologia em seu futuro, incluindo impactos no mercado de trabalho e potencial desumanização das relações. Ao serem questionados sobre uma aplicação ideal da IA, muitos descreveram um "psicólogo ou um amigo", indicando a busca por suporte emocional na tecnologia.

Para ambos os grupos, o futuro da educação com IA deve ser pautado pela formação crítica, pela mediação humana e por uma regulação responsável. “O estudo oferece subsídios para a formulação e implementação de políticas públicas que capacitem e apoiem escolas, professores e alunos a atribuir sentido pedagógico e ético ao uso da IA. O desafio é ajudar a construir diretrizes e práticas concretas que promovam inclusão e qualidade na educação”, finaliza Graziela.

Além dos grupos focais com professores e alunos do Ensino Médio, o estudo incluiu um levantamento com especialistas em IA na Educação — provenientes do poder público, sociedade civil, academia, mercado e gestão escolar — para mapear o estágio atual e apontar caminhos futuros para o uso de IA na educação, identificando riscos, oportunidades e barreiras ao desenvolvimento dessa agenda no Brasil.

"Embora a pesquisa TIC Educação, do Cetic.br, aponte que mais de 70% dos estudantes do ensino médio já usam ferramentas de inteligência artificial, ainda persistem dúvidas e falta de orientação sobre o seu uso. O seminário Inova IA, que reunirá protagonistas centrais do debate da educação no país, será o ambiente ideal para promover o uso ético, crítico e responsável da IA em nossas escolas", afirma Henrique Faulhaber curador do Inova IA e conselheiro do CGI.br.

"Os dados recentes do Cetic.br, das pesquisas TIC Educação e TIC Kids Online Brasil, evidenciam o uso intenso da IA generativa por crianças, jovens e professores brasileiros. Esse fenômeno é analisado em profundidade por um estudo qualitativo, que revela a demanda desses grupos por diretrizes para o uso da IA nas atividades escolares. Tais subsídios são de extrema importância para os formuladores de políticas públicas", destaca Renata Mielli, coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil.

O estudo “Inteligência Artificial na Educação: usos, oportunidades e riscos no cenário brasileiro” pode ser acessado https://cetic.br/pt/publicacao/inteligencia-artificial-na-educacao-usos-oportunidades-e-riscos-no-cenario-brasileiro/.

Sobre o Cetic.br
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre o acesso e o uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br|NIC.br é, também, um Centro Regional de Estudos sob os auspícios da UNESCO, e completa 20 anos de atuação em 2025. Mais informações em https://cetic.br/.   

Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://nic.br/) é uma entidade civil de direito privado e sem fins de lucro, encarregada da operação do domínio .br, bem como da distribuição de números IP e do registro de Sistemas Autônomos no País. O NIC.br implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br desde 2005, e todos os recursos arrecadados provêm de suas atividades que são de natureza eminentemente privada. Conduz ações e projetos que trazem benefícios à infraestrutura da Internet no Brasil. Do NIC.br fazem parte:  Registro.br (https://registro.br), CERT.br (https://cert.br/), Ceptro.br (https://ceptro.br/), Cetic.br (https://cetic.br/), IX.br (https://ix.br/) e Ceweb.br (https://ceweb.br), além de projetos como Internetsegura.br (https://internetsegura.br) e Portal de Boas Práticas para Internet no Brasil (https://bcp.nic.br/). Abriga ainda o escritório do W3C Chapter São Paulo (https://w3c.br/).   

Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://cgi.br/resolucoes/documento/2009/003). Mais informações em https://cgi.br/.  

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